10/02/2008

ah, se tu soubesses.

Ah, se tu soubesses. Fiz tantas coisas antes de nascer pra ti, saberias o tanto que andei, corri, chorei, sorri, roguei, implorei e rezei pra te encontrar, é que a minha necessidade de te ter já nascera junto com o meu primeiro choro, e por muito tempo te procurei desesperadamente em outros gostos e rostos, e era um desespero, uma ânsia. Contei todos os dias que passara sem sentir o teu cheiro, tudo porque não te ter era morrer o tempo todo. E morri tantas vezes que já pensava que nunca te encontraria. Essa ausência transformada em saudade me doía, e de morte em morte fui contando os dias que me faltavam. Foi quando do silêncio, que me preenchia, um branco alvíssimo manchado somente com um ponto negro de bordas vermelho-sangue, puro sangue, surgiste junto com a aurora de um dia primeiro, e tu me vens, e sinto uma vontade clandestina de dançar, de cantar, ouviam-se dos rios do meu coração grandes cânticos e louvores, todas as borboletas bateram asas dentro de mim. Era de uma imensidão tão incompreensível que quis correr pra longe, me refugiar e confesso que tive medo, muito medo de. Nesse instante, deixei de ser um farelo na imensidão do mundo, e um grão no universo. Eu era tão grande que nem cabia em mim. Ser imenso como me tornei não fora fácil, nem prazeroso, continuou doendo, só que bem mais forte, e amaldiçoei a aurora que te trouxe, sujei tanto quanto consegui o meu nome, para que eu pudesse sentir nojo de mim e me acostumasse a nunca te ter, porque, sabia que não merecia tudo o que já tinha. Até que descobri que isso sempre fora amor, e novamente os cânticos, as borboletas, as danças e senti pela primeira vez o teu cheiro, e eu inalava tanto, na esperança de te possuir por dentro que acabei por esquecer que o veneno que exalas me é mortal, e por onde ia precisava te sentir por perto, por dentro, me afogando, me acalmando, me consumindo e me procurando. Foram longos dias e ah, se tu soubesses. O cheiro de felicidade que meus poros exalavam no momento em que abraçados, e cansados, e comovidos, e exaustos, e juntos finalmente chegamos a conclusão que precisamos do outro para tentar viver. Juntos. Ah, se eu soubesse que esse pulsar que ainda hoje me remete as auroras, aos cânticos, as danças e ao cheiro, sempre fora amor.

2 comentários:

Edgar Philipe disse...

eu sou um brotinho. um dia irei florescer. e eu não me canso de você.
:)

(Marta Selva) disse...

tem presentin pra vc la no blog
;*