25/03/2008

Nós é um

Eu queria te fazer feliz,

amar-te até perdemos o fôlego.

E juntos, novamente, iríamos longe.

Tu e eu tão distantes de todos e de tudo

que somente o silêncio nos envolveria.

Nada de cansaços, nada de nada.

Nos bastaríamos e mesmo na ignorância

a nossa verdade seria uma só:

nós é um, sem sabermos.

21/03/2008

Estrelas.

Essa minha luta desenfreada para saber esses porquês um dia me matará. Especialmente hoje, que depois de um despertar, consegui sentir o cheiro do fim e o gosto doce das coisas bem-feitas, sinto que esse dia chegou para coroar o fim, e existe uma lágrima de felicidade querendo desabrochar no meu rosto. Nada de me perguntarem o porquê - Uma dica: vivam o momento da morte, esqueçam da vida nesse instante, só se morre uma vez. Queiram a ignorância, busquem-na. Mas não tentem entender o porquê da solidão, ou o da morte. Todos morreremos, e mesmo depois da morte a nossa estrela continuará brilhando no céu. As estrelas sempre serão solitárias.

04/03/2008

precisão

E foi pouco após o fim da noite longa e violenta, onde corpos lutavam contra o pudor e ter liberdade era lema para se prender ao paraíso. Foi exatamente após o fim de uma batalha pessoal, de eu-branco contra eu-negro, de tu-branco contra tu-negro – batalhas distintas – após lutarmos contra o nosso próprio Deus. Mas não antes de chegarmos a conclusão de que o nosso próprio Deus é tudo aquilo que não somos, Ele é nossa sombra mas sem ser nós, ou misturar-se: tem o nosso formato mas não a nossa propriedade. Foi depois de tanta coisa ruim, e não antes de estarmos tão cansados a ponto de nos fecharmos para o mundo em uma cegueira permitida. Foi agora, nesse momento que cegos para o mundo além de nós e tão livres que nos permitimos voar para longe de todos que chegamos a doce conclusão da nossa necessidade. Foi depois de um abraço e algumas palavras soltas, coloridas por uma verdade-escura, que percebemos finalmente o tanto que precisamos um do outro, e com uma urgência tremenda.