Agora, de olhos fechados, ouço uma música. Músicas me servem como um túnel quântico (sic), vulgo teletransporte. Esta, por exemplo, me leva a um lugar estranhamente conhecido. Olho em volta e o reconheço, mas ele não me reconhece. De que importa? Nada importa. Estou correndo, braços abertos, sorriso no rosto, folhas secas, roupa (talvez) branca, tenho no máximo cinco anos, rua deserta, cheiro de outono, fim de tarde, pôr-do-sol, brisa e silêncio. Não há som nem cor, silêncio que precede a agonia. O tempo pára a música, sem trilha termina a ilusão. Barulho, muito barulho.
16/11/2007
03/11/2007
A gosto
Sabe o que mais gosto em ti?
Engana se acha que é rosto,
os olhos puxados ou os finos lábios.
Se achas que é a textura da boca,
a coloração camaleônica da pele
ou o cheiro de felicidade
que brota dos teus poros, erraste.
Gosto é da mistura, dessa incerteza
de gostos, sabores: amargos e doces.
Se existe algo certo em ti é isto:
O incerto, constante e agradável surpresa.
Gosto, desvairadamente,
mesmo é do teu gosto.
Engana se acha que é rosto,
os olhos puxados ou os finos lábios.
Se achas que é a textura da boca,
a coloração camaleônica da pele
ou o cheiro de felicidade
que brota dos teus poros, erraste.
Gosto é da mistura, dessa incerteza
de gostos, sabores: amargos e doces.
Se existe algo certo em ti é isto:
O incerto, constante e agradável surpresa.
Gosto, desvairadamente,
mesmo é do teu gosto.
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